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JOSÉ BENTO FARIA FERRAZ

( Brasil – Minas Gerais )

José Bento Faria Ferraz: Nasceu em Pouso Alegre (MG) em 30 de outubro de 1912. Foi aluno de Mário de Andrade no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Numa entrevista de José Bento ao TUDA, descreve o seu início de trabalho com Mario de Andrade: "Então, eu trabalhava de manhã. Saía da Vila Mariana bem cedinho e às 7h30 chegava na rua Lopes Chaves. Vinha de bonde, descia a avenida Angélica; isto em 1934. Nessa época, comecei a trabalhar também na biblioteca do Sindicato dos Bancários, sucedendo a Edgard Cavalheiro, no prédio Martinelli, à tarde (TUDA, 2009)". Ali nasceria a sólida amizade entre ambos, sendo seu secretário particular por quase 12 anos, que só terminaria com a morte do autor de Macunaíma.
Foi também no Conservatório Dramático e Musical que conheceu sua companheira de vida por quase seis décadas, Sonia Sterman Ferraz. Após a morte do escritor, foi guardião de sua correspondência durante 50 anos. Tornou-se especialista na obra do escritor e publicou trabalhos sobre literatura, assim como sobre folclore, arte e música.
Em sua extensa carreira como funcionário público, passou pelo Departamento de Cultura do Município de São Paulo, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, onde foi o braço direito de Zeferino Vaz, a quem, anos mais tarde, novamente assessoraria, nos primórdios da Universidade Estadual de Campinas. Teve ainda destacada atuação como professor da Escola de Artes Plásticas e do Conservatório Musical Carlos Gomes, ambos em Ribeirão Preto.
Faleceu aos 92 anos, em São Paulo, em 17 de março de 2005.
Biografia:www.fclar.unesp.br/#!/biblioteca/acervo/colecoes-especiais/biblioteca-sterman-ferraz/

MEYA PONTE. REVISTA QUADRIMESTRAL DE LITERATURA. No. 16  Editor: Arnaldo Sarty.   Pirenópolis,  Goiás: 2003.   162 p.  16 x 22,5 cm.                                                 Ex. bibl. Antonio Miranda

              Em meu caminho

                    Para Mário de Andrade

       "Não sei porque os tetéus
gritam tanto esta noite."
Mário de Andrade

Há um perfume de rosas
em meu caminho

Há pétalas silenciosas
caindo de rosas
pelo meu caminho

Há um forte vento
que bate em minha face
e levanta em rodopios
as pétalas já mortas
que se dispersam
em meu caminho

Há uma estranha sensação
de intemporalidade
e de rosas em botão
em meu caminho

Neste fim de tarde
em que o céu tem a leveza
de um coral de Bach
há um frio que me penetra
e que gela os ninhos
dos tetéus.

Não sei porque
os tetéus
gritam tantos esta noite
em meu caminho.

*

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Página publicada em janeiro de 2023